Os restos mortais de mais de 200 soldados alemães que foram enterrados vivos em um túnel no nordeste da França durante a Primeira Guerra Mundial não serão recuperados.
Em vez disso, o governo alemão decidiu declarar o cemitério um memorial de guerra e colocá-lo sob proteção do Estado.
A comissão de túmulos de guerra da Alemanha, o Volksbund, e o governo francês anunciaram a decisão no museu Caverne du Dragon, no nordeste da França, na tarde de sexta-feira (10).
“Os esforços de resgate para alcançar os restos mortais em 2021 e 2022 se mostraram muito difíceis”, disse uma porta-voz do Volksbund à CNN, acrescentando que houve “várias tentativas” de abrir o túnel “muito profundo e muito longo”, que é localizado em uma reserva natural com “solo arenoso ainda contaminado com munição”.
Embora a equipe franco-alemã tenha conseguido ver até 64 metros abaixo do túnel, eles “não encontraram nenhum vestígio”, disse o porta-voz.
Muitas batalhas da Primeira Guerra Mundial ocorreram entre as forças armadas francesas e as tropas alemãs posicionadas no Chemin des Dames, uma crista entre dois vales.
Em 4 de maio de 1917, durante uma das maiores batalhas da guerra, o exército francês atirava contra soldados alemães com artilharia pesada.
Um projétil de artilharia atingiu a entrada do túnel Winterberg no Chemin des Dames, de acordo com o Volksbund.
Algumas das tropas alemãs, do 111º Regimento de Infantaria de Reserva de Baden, fugiram para dentro do túnel, onde a munição armazenada explodiu e fumaça tóxica estava sendo liberada.
Os soldados criaram uma barricada para tentar se proteger dos gases venenosos até que pudessem ser resgatados, mas o bombardeio pesado impediu que o socorro chegasse até eles.
A entrada do túnel desabou durante o ataque e apenas três soldados de uma infantaria de mais de 200 foram salvos. Os outros sufocaram, morreram de sede ou se mataram.
Ao longo dos anos, houve inúmeras tentativas – inclusive ilegais – de encontrar a entrada do túnel enterrado na floresta estadual de Vauclair, de acordo com o Volksbund.
Em maio passado, mais de um século após o evento e após anos de trabalho, o Volksbund e os parceiros franceses usaram perfurações precisas para confirmar a localização do túnel, descobrindo uma grande cavidade no subsolo, com o local do enterro intacto.
Ao designar o local como um memorial, as autoridades alemãs e francesas esperam dignificar e proteger o local de descanso dos soldados. “Isso garante que os soldados continuarão descansando em paz”, disse uma porta-voz do Volksbund.
“Nos últimos anos e meses, temos cooperado com nossos parceiros franceses com espírito de confiança”, disse Dirk Backen, executivo-chefe do Volksbund.
“Estamos muito gratos por isso – e estamos satisfeitos por poder apresentar uma solução conjunta hoje”, acrescentou.
Assim que os requisitos legais para um cemitério de guerra forem cumpridos, o planejamento para o memorial começará, e o local poderá ser inaugurado já no próximo ano, disseram autoridades francesas e alemãs.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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Fonte: CNN Brasil