Aliados do ex-comandante da Marinha Almir Garnier veem blindagem ao Exército em colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No depoimento à Polícia Federal (PF), o tenente-coronel disse que o ex-presidente se reuniu com os comandantes das Forças Armadas para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder.
Então chefe da Marinha, Garnier teria se manifestado favoravelmente ao intento golpista e colocado à tropa à disposição, enquanto o ex-comandante do Exército teria se colocado contrário ao plano.
Desde a delação de Cid, as atenções se voltaram para Garnier, que ainda não se manifestou oficialmente sobre as acusações.
Na mira
O almirante, que vive em Brasília, está na mira das investigações da PF e da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro.
A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), quer convocar ex-comandante da Marinha e também a quebra de seu sigilo telemático.
Pessoas próximas a Garnier alegam que o ex-comandante, embora deixasse claro suas preferências políticas, jamais discutiu com a cúpula da Marinha uma proposta de golpe. À CNN, um colega disse que o almirante “se expressava de maneira transparente sobre sua opinião, mas isso não quer dizer tentar um golpe”.
Os aliados ainda argumentam que Cid é um tenente-coronel da ativa do Exército e filho de um general da reserva. Portanto, na avaliação deles, seria “natural” que o ex-ajudante de ordens fizesse uma blindagem à Força à qual pertence.
Interlocutores de Garnier ainda questionam o teor do depoimento de Cid sobre a reunião entre Bolsonaro e os comandantes no Palácio da Alvorada após a derrota nas eleições presidenciais. O argumento é que reuniões como essas são assuntos de Estado e ocorrem fechadas, sem a presença de assessores.
Outro ponto questionado por aliados de Garnier é que mensagens encontradas pela PF no celular de Cid pedindo uma intervenção para impedir a posse do presidente Lula eram de integrantes do Exército.
VÍDEO – Presidente da CPMI do 8/1 sobre depoimento de almirante: É uma possibilidade
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Quem é Garnier?
O almirante Almir Garnier foi nomeado comandante da Marinha por Bolsonaro em 9 de abril de 2021 e ficou no cargo até o fim do governo. Dentre os três comandantes das Forças, ele era considerado o mais bolsonarista.
Sob comando de Garnier, a Marinha organizou um desfile de blindados e veículos militares em frente ao Palácio do Planalto em agosto de 2021, no mesmo dia em que a Câmara de Deputados votaria a proposta do voto impresso. O projeto foi rejeitado pelos parlamentares.
Com a derrota de Bolsonaro, Garnier se recusou a se reunir com o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, indicado pelo presidente Lula. O almirante também faltou à cerimônia de passagem de cargo para o atual comandante Marcos Sampaio Olsen.
Garnier jamais escondeu a admiração por Bolsonaro e nas redes sociais reforçava a proximidade com ex-presidente. Questionados, aliados defendem que o almirante tem a “lealdade” como principal característica e lembram que o ex-comandante atuou em cargos de confiança em nos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Na gestão Dilma, o almirante foi assessor dos ex-ministros da Defesa Celso Amorim, Jaques Wagner e Aldo Rebelo. E atuou ao lado do o ex-ministro Raul Jungmann no governo Temer.
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Fonte: CNN Brasil