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Argentina escolhe seu 12º presidente em 40 anos democracia; veja linha do tempo

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A Argentina completou 40 anos de democracia em 2023. Nesse período teve 11 presidentes, dentre os quais cinco não chegaram a concluir um mandato completo.

Dois deles foram importantes no início da redemocratização do país e os últimos quatro se destacaram por suas vertentes políticas e propostas sociais.

Esses quatro, nos últimos 20 anos, entregaram o país ao sucessor sempre com a inflação pior do que quando assumiram o governo.

Linha do tempo dos presidentes argentinos

Alberto Fernández (Atual – de 2019 até 10 de dezembro de 2023)

Atual presidente da Argentina, Alberto Fernández / Foto: Gabriel Bouys/Pool via REUTERS

O atual presidente da Argentina foi eleito com a ex-presidente Cristina Kirchner como sua vice. Atualmente eles são os maiores expoentes do movimento de esquerda iniciado pelo ex-marido dela, o kirchnerismo.

Fernández se vincula a esse movimento e, por consequência, ao peronismo. Ambas vertentes são de esquerda, progressistas e defensoras da democracia.

O kirchnerismo implementou diversas políticas sociais na Argentina, que hoje são fortemente criticadas pela direita e pelo candidato Javier Milei (extrema direita).

Apesar de poder concorrer à reeleição, Fernández anunciou há bastante tempo que não iria fazê-lo.

No seu governo, o país enfrentou muitos problemas incluindo a pandemia da Covid-19, uma das piores secas já registradas e aumento exorbitante da inflação, que chegou a 142,7% ao ano na semana passada.

Nos últimos 20 anos, todos os presidentes da Argentina saíram do cargo deixando a inflação pior do que quando assumiram a posição.

A Argentina está acostumada com líderes fortes e que comandam suas próprias forças políticas. Não é o caso de Fernández, que preside coalizão liderada por Cristina Kirchner. Outro líder da coalizão é o candidato indicado por ele, Sergio Massa.

Mauricio Macri (2015 a 2019)

Ex-presidente da Argentina Mauricio Macri
Ex-presidente Mauricio Macri / Foto: @mauriciomacri/Twitter/Reprodução

Diferentemente de Fernández, Macri é um empresário, executivo, diretor esportivo (presidiu o Boca Juniors) e engenheiro que representa a direita argentina.

Ele foi o único candidato na história do país a chegar ao segundo turno como segundo colocado e, mesmo assim, virar o jogo e vencer a eleição.

A vitória dele colocou um final aos 12 anos de governo kirchnerista. Ele também foi o primeiro peronista, em mais de 70 anos, a conseguir concluir seu mandato.

Macri tentou se reeleger, mas não conseguiu. Foi o primeiro presidente que tentou a reeleição e não teve sucesso.

Ele é ligado à candidata que ficou em terceiro lugar no primeiro turno eleitoral, Patricia Bullrich.

Cristina Fernández de Kirchner (2007 a 2015)

Vice-presidente argentina, Cristina Kirchner / 17/11/2022 REUTERS/Agustin Marcarian

Foi a primeira mulher a ocupar a Presidência da Argentina por meio do voto direto e ficou no cargo por oito anos (dois mandatos).

Iniciou seu primeiro mandato logo após seu ex-marido deixar o cargo, em 2007.

Principal nome do kirchnerismo (vertente política de esquerda), Cristina é um nome polêmico na Argentina, amada e odiada por muitos.

Atualmente como vice-presidente, ela foi vítima de uma tentativa de assassinato em Buenos Aires no final de 2022. O atentado só não foi bem-sucedido porque a arma usada falhou na hora do disparo.

No mesmo ano, ela foi condenada por corrupção a seis anos de prisão e impossibilidade de ocupar cargos públicos, mas recorreu da decisão.

Néstor Kirchner (2003 a 2007)

O ex-presidente da Argentina Nestor Kirchner após Cristina Fernández de Kirchner, sua esposa, tomar posse como a primeira presidente eleita da Argentina, completando uma rara transferência de poder de marido para esposa, no Congresso Nacional argentino, no centro de Buenos Aires.
O ex-presidente Néstor Kirchner, ex-marido de Cristina Kirchner, morreu em outubro de 2010 / Foto: Sergio Dutti/Estadão Conteúdo

Peronista e social-democrata, defendeu ideais de soberania política, independência econômica e justiça social.

Procurou ser diferente de líderes peronistas anteriores. Teve embates controversos com outras forças políticas ou sociais e manteve a polarização da opinião pública.

Conquistou muitos seguidores, caracterizando o início do kirchnerismo, que é uma vertente do peronismo, mas tem apoio e oposição de peronistas.

Em uma publicação nas redes sociais, o atual presidente, Alberto Fernández, homenageou Néstor no dia de sua morte: “A 13 anos de sua partida, relembro do meu amigo Néstor Kirchner, o homem que, com suas políticas, convicções e forças, transformou a Argentina”.

Kirchner buscou aumentar a integração entre os países da América Latina, tentou fortalecer o Mercosul e melhorou a relação externa com o Brasil.

Ele também tentou se manter como intermediário entre o Brasil e a Venezuela, já que considerava o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) muito conservador, e o venezuelano Hugo Chávez muito antiamericano. Ele também trabalhou com Fidel Castro, de Cuba, e Evo Morales, da Bolívia.

Néstor Kirchner (no meio) e os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, em um encontro de 2006 em Brasília
Néstor Kirchner (no meio) e os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, em um encontro de 2006 em Brasília / Foto: Ricardo Stuckert/PR

De 1999 a 2003

O período de quatro anos teve cinco presidentes diferentes na Argentina. Nenhum deles era peronista.

  • Eduardo Duhalde (2002 a 2003 – por um ano de 143 dias)
  • Eduardo Camaño (2001 a 2002 – por três dias)
  • Adolfo Rodrígues Saá (sete dias em 2001 – por sete dias)
  • Ramón Puerta (dois dias em 2001 – por dois dias)
  • Fernando de La Rúa (1999 a 2001 – por dois anos e 11 dias)

Carlos Menem (1989 a 1999)

Se identificava como peronista, mas buscava políticas economicamente liberais. Foi um líder político forte, tendo muitos seguidores, no que ficou conhecido como Menemismo.

Foi o segundo presidente eleito após o período de ditadura militar. O partido dele, o Justicialista (principal legenda do peronismo), ficou dividido em duas vertentes e ele se destacou como principal liderança à época.

Raúl Alfosín (1983 a 1989)

Primeiro presidente após a ditadura militar que depôs Isabelita Perón da Presidência da Argentina em 1976.

Denúnciou vários crimes cometidos no período ditatorial e, como advogado, entrou com vários pedidos de habeas corpus para vítimas de desaparecimentos forçados do governo civil-militar. Também denunciou os crimes cometidos pelas ditaduras militares de outros países.

*Publicado por Pedro Jordão, com informações da CNN Español

Fonte: CNN Brasil

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