A Argentina realiza neste domingo (1º) o primeiro dos dois debates presidenciais antes da eleição, prevista para acontecer em 22 de outubro.
No país, desde 2016, os debates presidenciais são obrigatórios por lei para aqueles que obtiveram mais de 1,5% dos votos nas primárias, por se tratar de “um bem público incorporado ao processo eleitoral”, segundo o presidente da Câmara Nacional Eleitoral, Alberto Ricardo Dalla Via.
“Este é um debate institucional. É feito através da televisão, mas mantém essa característica institucional porque é um debate instituído por lei”, disse Dalla Via.
“Este debate será mais ágil que os anteriores porque os candidatos terão cinco direitos de resposta para utilizar. Além disso, haverá um bloco de perguntas cruzadas onde cada candidato poderá fazer uma pergunta direta ao outros candidatos”, disse Ricardo Gil Lavedra, advogado constitucional e membro do Conselho Consultivo do Debate 2023, à CNN.
O evento está marcado para começar às 21h, horário local, e é esperada a participação de:
- Patricia Bullrich do “Juntos por el Cambio”;
- Myriam Bregman, da “Frente de Izquierda y de los Trabajadores-Unidad”;
- Juan Schiaretti, do “Hacemos por Nuestro País”;
- Javier Milei, do “La Libertad Avanza”;
- Sergio Massa, do “Unión por la Patria”.
Os temas que nortearam o primeiro debate são economia, educação, direitos humanos e convivência democrática. Além disso, um segundo debate com os cinco candidatos está marcado para o próximo domingo (8), tendo como base temas de segurança, trabalho, proteção e desenvolvimento humano, habitação e proteção ambiental.
Quem são os cinco candidatos à Presidência da Argentina
Javier Milei
O candidato de extrema-direita Javier Milei, do partido La Libertad Avanza, surpreendeu indicadores que apontavam para o enfraquecimento de sua candidatura e foi o vencedor das primárias argentinas, com mais de 7 milhões de votos.
Ele precisava de apenas 1,5% dos votos válidos para seguir para o primeiro turno, já que não disputava com nenhum outro candidato do mesmo partido.
Apesar do destaque, o candidato aparecia nas pesquisas de intenção de votos com apenas 20%.
Milei nasceu no bairro portenho de Palermo, em 22 de outubro de 1970. A partir de 2018, a ascensão de Milei surgiu nos principais meios de comunicação argentinos, com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como costuma chamar.
Suas aparições no rádio e na televisão locais geraram polêmica, seja entre seus colegas economistas, jornalistas ou apresentadores.
Apesar da surpresa, o nome de Milei não passou despercebido na campanha. O economista estourou na mídia com sua “turnê pela liberdade” e se destacou principalmente por sua atuação fora da política: seu desempenho como jogador de futebol e sua passagem pela música com sua banda tributo aos Rolling Stones, são alguns exemplos.
Javier Milei é agora um candidato de direita à Presidência da Argentina. Dentro de seu espaço político La Libertad Avanza, suas principais propostas de campanha são a dolarização da economia argentina em etapas, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas.
Patricia Bullrich
A ex-ministra da Segurança da Argentina Patricia Bullrich venceu o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, nas primárias eleitorais do país e é quem vai disputar a Presidência, em outubro, pela coligação Juntos por el Cambio.
A pré-candidata nasceu em 1956, em Buenos Aires, em uma tradicional família aristocrática argentina, a Luro Pueyrredón, e rompeu com a posição política radical de sua linhagem já na adolescência.
Filha de Alejandro Bullrich e Julieta Luro Pueyrredón, tem antepassados emblemáticos como Juan Martín de Pueyrredón, diretor supremo das províncias do Rio da Prata, e Honorio Pueyrredón, ministro do governo de Hipólito Yrigoyen, presidente por duas vezes no início do século 20.
“Se não é tudo, não é nada” é o slogan da campanha de Patricia Bullrich.
Sergio Massa
Atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa teve apoio do presidente Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner para concorrer à Presidência.
Disparado em relação a John Grabois, Massa recebeu mais de 5 milhões de votos, contra pouco mais de 1,3 milhão de Gabrois, pelo Unión por la Patria.
Advogado, Massa nasceu em San Martín, em Buenos Aires, em 28 de abril de 1972.
Massa já disse em entrevista à mídia local que “o problema hoje é que eu tenho os dois chapéus, o da campanha presidencial e o da gestão”. Isso pode ser visto como uma desvantagem ou como uma chance de mostrar com fatos o que virá se ele conseguir a cadeira da Casa Rosada.
O equilíbrio fiscal, o superávit comercial, o câmbio competitivo e o desenvolvimento com inclusão são seus eixos principais, segundo afirmou em um programa de televisão do Canal 5 Argentina (C5N).
“O que está por vir é mais distribuição de renda, mais educação pública, mais investimento em universidades”, prometeu, embora com uma ressalva: “caso eu consiga terminar de estabilizar a economia”.
A questão econômica é seu grande desafio, o equilíbrio entre o que pode fazer hoje para pescar a ilusão do que está por vir.
Juan Schiaretti
Juan Schiaretti é o candidato à Presidência do Hacemos por Nuestro País, coalizão política que une o peronismo não kirchnerista, o Partido Socialista, o Partido Democrata Cristão, o Partido Autonomista, entre outros.
Contador público e segundo-tenente do Exército, Schiaretti é filiado ao Partido Justicialista. Em 1975, com o Processo de Reorganização Nacional — como é chamada a ditadura militar argentina —, ele foi obrigado a mudar-se para o Brasil. Ele morou em Belo Horizonte.
Atualmente, Schiaretti cumpre seu terceiro mandato como governador de Córdoba.
Antes disso, ele foi secretário de Indústria e Comércio na gestão do presidente Carlos Menem, entre 1991 e 1993. Ainda sob comando de Menem, foi nomeado controlador federal da província de Santiago del Estero.
Em 1999, ele foi ministro de Produção e Finanças da província de Córdoba. Em 2003, foi eleito vice-governador de José Manuel de la Sota. Em 2007, foi eleito governador de Córdoba pela primeira vez — cargo que voltaria a ocupar em 2015 e 2019.
Ele também foi eleito deputado nacional, em 2013.
Myriam Bregman
Myrian Bregman é a candidata da Frente de Izquierda y de Trabajadores – Unidad, coalizão formada por partidos que reivindicam o trotskismo e que defendem um polo de independência de classe.
Bregman é advogada e ativista. Ela foi nomeada para deputada nacional em 2009 e Chefe do Governo da Cidade Buenos Aires em 2011. Em 2015, foi eleita deputada nacional na seção eleitoral.
Veja também: Pobreza atinge mais de 40% da população na Argentina, segundo governo
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(Publicado por Gabriel Ferneda, com informações de Gilles Salomone e Manuela Castro)
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Fonte: CNN Brasil