O projeto do desenho da Ariel, nave espacial que será usada para estudar a atmosfera de cerca de mil exoplanetas (planetas de fora do Sistema Solar), foi aprovado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que lidera a missão. O desenvolvimento da nave é feito pela Airbus.
A missão Ariel (Atmospheric Remote-sensing Infrared Exoplanet Large-survey, ou levantamento amplo de exoplanetas por sensoriamento remoto infravermelho atmosférico) vai custar mais de 200 milhões de euros. O objetivo do empreendimento é analisar a composição dos planetas para entender melhor como as estruturas se formaram e evoluíram.
“Observações desses mundos nos proporcionarão conhecimento sobre as fases iniciais da formação planetária e atmosférica, bem como sua evolução subsequente. Isso, por sua vez, contribuirá para a compreensão do nosso próprio Sistema Solar e poderá nos ajudar a descobrir se há vida em outro lugar em nosso Universo e se existe outro planeta semelhante à Terra!” disse Christophe Gabilan, gerente do projeto Ariel na Airbus, em um comunicado.
Fotos: Conheça os planetas do Sistema Solar
Astrônomos já encontraram mais de 5 mil exoplanetas — A primeira observação de um planeta fora do Sistema Solar aconteceu em 1995. Agora, a missão Ariel se junta a outros empreendimentos, como a missão Gaia e a CHEOPS, na busca por mais informações sobre esses mundos distantes, alguns deles potencialmente habitáveis.
A recente descoberta, feita pelo Telescópio Espacial James Webb, notadamente através do instrumento NIRSpec, desenvolvido pela Airbus, de metano e dióxido de carbono na atmosfera de K2-18b, um exoplaneta com dimensões 8,6 vezes superiores às da Terra, indica que há muito a ser desvendado na busca por ambientes propícios à vida.
A sonda Ariel deve ser lançada em 2029 por meio de um foguete Ariane 6, e direcionada para uma trajetória de transferência direta até o segundo ponto de Lagrange (L2). Graças ao seu design térmico e mecânico altamente estável, a espaçonave terá a capacidade de conduzir observações de longo prazo do mesmo sistema planeta/estrela por períodos que variam de 10 horas a até três dias.
A missão tem previsão de duração de quatro anos, mas pode ser estendida pelo menos dois anos adicionais.
Como a missão Ariel vai funcionar?
Os equipamentos embarcados na nave vão medir as emissões da estrela sem o planeta para ter uma referência do espectro de radiação na luz visível e em frequências do infravermelho próximo.
“Quando o exoplaneta passa em frente à estrela, a atmosfera do exoplaneta filtra a luz da estrela. Comparar o espectro de luz com e sem o impacto do filtro da atmosfera do exoplaneta permite aos cientistas determinar a composição da atmosfera, em particular moléculas de grande interesse, como água, dióxido de carbono, metano, amônia, entre outras”, explica o comunicado da Airbus.
A missão vai se concentrar em planetas quentes, incluindo as super-Terras e gigantes gasosos que orbitam perto de suas estrelas.
Segundo a Airbus, o levantamento da composição atmosférica desses exoplanetas e o acompanhamento da sua evolução ao longo do tempo vai fornecer dados detalhados à comunidade científica para elaborar e confirmar modelos da composição e evolução dos planetas. As observações da Ariel também devem estabelecer as bases para futuras buscas por vida em outros lugares do Universo e por planetas semelhantes à Terra.
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