Os parlamentares do Equador votaram, nesta terça-feira (9), pela continuidade do processo de impeachment contra o presidente Guillermo Lasso por acusações de peculato.
De acordo com a resolução, que obteve a aprovação de 88 dos 116 congressistas presentes, Lasso e seus oposicionistas irão prestar esclarecimentos no plenário do parlamento. Em seguida, o presidente enfrentará uma votação final, que pode resultar em sua destituição do cargo.
Lasso sempre negou as acusações de que foi leniente a supostos desfalques relacionados a um contrato da estatal de transporte de petróleo Flopec.
Segundo sua versão, o documento foi assinado em 2018, três anos antes de ele assumir o cargo, e que seu governo negociou mudanças lucrativas ao acordo.
Entretanto, conforme a deputada Viviana Veloz em declaração ao comitê de fiscalização do Congresso em abril, o líder equatoriano não fez “nada” quando advertido sobre irregularidades no contrato.
“É por isso que ele deve ser censurado e removido, esta é a verdade constitucional e a verdade política que muitos estão tentando esconder do povo equatoriano”, disse Veloz, que apresentou cartas e um vídeo que disse mostrar a culpa de Lasso. “Há provas mais do que suficientes de atos de corrupção na Flopec”, prosseguiu.
A votação ocorre apesar de um relatório do comitê de supervisão da assembleia, que ouviu testemunhas no mês passado, e concluiu que não há motivo para o julgamento ou impedimento de Lasso.
Apenas quatro dos nove membros do comitê apoiaram essa conclusão no último fim de semana.
Aliados do presidente questionaram a legalidade do processo de impeachment, o primeiro contra um presidente em décadas.
O processo é ilegítimo e “nasceu, desenvolveu-se e terminou sem provas, sem argumentos e com graves vazios jurídicos”, disse no Twitter o ministro do Governo, Henry Cucalon. “Estamos firmes na defesa do direito dos equatorianos de viver em democracia”, continuou.
A assembleia deve eleger uma nova liderança, possivelmente substituindo o presidente Virgílio Saquicela, até o domingo (14).
São necessários 92 votos para a saída de Lasso. Os parlamentares do partido do ex-presidente Rafael Correa — que foi condenado por corrupção — prometeram seus 47 votos a favor. Outros partidos de oposição estão divididos sobre se devem apoiar a remoção.
Lasso tem uma relação antagônica com a legislatura de 137 membros. Alguns membros da oposição tentaram removê-lo no ano passado em meio a intensos protestos de grupos indígenas.
De acordo com a constituição do Equador, o presidente poderia convocar eleições presidenciais e legislativas antecipadas em vez de enfrentar o processo de impeachment.
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Fonte: CNN Brasil