Oficiais de inteligência dos Estados Unidos estão avaliando a possibilidade de que o suposto balão espião chinês não tenha sido deliberadamente manobrado para os EUA pelo governo chinês. Eles examinam se o objeto foi desviado do curso por ventos fortes, disseram várias pessoas informadas sobre o assunto à CNN.
Depois que o balão decolou de Hainan, na China, no mês passado, autoridades americanas o monitoraram enquanto atravessava o Pacífico, afirmaram as fontes.
Depois de rastrear o balão por um tempo, as autoridades acreditaram que ele seguiria em direção a Guam, onde provavelmente tentaria vigiar locais militares na ilha.
Mas, em vez disso, o balão foi para o norte inesperadamente e cruzou para o Alasca, no Canadá, e depois para baixo, reentrando nos EUA pelo norte de Idaho e movendo-se em direção a Montana.
As autoridades americanas não têm certeza de que esse caminho era proposital, podendo ter sido causado por ventos fortes.
Ainda assim, a China manteve alguma capacidade de manobrar o balão. Conforme o objeto sobrevoou Montana, as autoridades acreditam que os chineses se aproveitaram de sua posição para passar por locais sensíveis e tentar coletar informações de inteligência.
O balão então se moveu para o leste sobre os EUA e foi abatido na costa da Carolina do Sul em 4 de fevereiro por caças americanos.
Como a CNN relatou, a comunidade de inteligência dos Estados Unidos desenvolveu no ano passado um método de rastrear o que dizem ser uma frota de balões chineses operando em todo o mundo.
A reconstituição do clima feita pela CNN sugere que é plausível que as correntes de vento tenham desviado o balão para o norte, em direção ao Alasca.
O Washington Post informou pela primeira vez que as autoridades estão examinando a possibilidade de que a China não pretendia que o balão viajasse sobre a porção continental dos EUA.
Qualquer informação da Inteligência sugerindo que o sobrevoo pode não ter sido intencional pode aliviar as tensões entre Washington e Pequim, oferecendo a ambos os países uma saída para o que se tornou uma crise diplomática fervorosa.
Troca de acusações
Um dia depois que os Estados Unidos revelaram publicamente que o balão havia sido localizado, o secretário de Estado Antony Blinken adiou uma viagem a Pequim e acusou a China enviar deliberadamente em uma ligação com o diplomata Wang Yi, classificando como “inaceitável e irresponsável.”
“Deixei claro que a presença deste balão de vigilância no espaço aéreo dos EUA é uma clara violação da soberania dos EUA e do direito internacional, que é um ato irresponsável e que a decisão da República Popular da China de tomar essa ação na véspera da minha visita é prejudicial para as discussões substanciais que estávamos preparados para ter”, disse Blinken a repórteres em 2 de fevereiro.
Blinken e Wang participarão da Conferência de Segurança de Munique neste fim de semana. Autoridades americanas informaram que um encontro entre os dois não está planejado no momento, mas não descartaram totalmente a possibilidade.
Não está claro quais informações os EUA obtiveram para que as autoridades considerassem uma possibilidade crível de que a trajetória do balão pode ter sido, pelo menos parcialmente, acidental.
A comunidade de inteligência dos Estados Unidos também está examinando de perto quais integrantes do governo chinês ordenaram e aprovaram a missão com o dirigível.
Ambos os governos estão em conflito publicamente, pois a China afirmou se tratar de um balão meteorológico que entrou acidentalmente no espaço aéreo dos EUA.
“Afetado pelo vento oeste e com capacidade limitada de autocontrole, o dirigível desviou-se seriamente da rota programada”, alegou o Ministério das Relações Exteriores da China em 3 de fevereiro.
“A China lamenta que o dirigível tenha se desviado para os Estados Unidos devido a força maior. A China continuará a manter comunicação com os EUA para lidar adequadamente com a situação inesperada”, ressaltou.
Os EUA, no entanto, insistiram que o balão estava sendo usado para vigilância e que não estava completamente à mercê dos ventos. O governo chinês já lançou balões de vigilância semelhantes no espaço aéreo continental dos EUA no passado, incluindo perto da Flórida e do Texas.
Entretanto, as autoridades americanas reconheceram que a capacidade de manobra do balão era limitada.
Questionado no início deste mês se o governo chinês está “controlando o movimento do balão ou apenas flutuando com correntes de ar”, o secretário de imprensa do Pentágono se recusou a comentar em detalhes.
“Não vou entrar em nenhuma informação específica que possamos ter. Mais uma vez, sabemos que este é um balão chinês e que tem a capacidade de manobrar, mas vou deixar por isso mesmo”, afirmou.
*Jennifer Hansler, da CNN, contribuiu para esta reportagem
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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Fonte: CNN Brasil