• qua. jan 22nd, 2025

Boeing convoca reunião de segurança em sua fábrica de aviões que tem uso suspendido após mais uma crise

Executivos da Boeing estão organizando uma reunião de segurança com todos os funcionários nesta terça-feira (9), apenas alguns dias depois de um incidente a bordo logo após a decolagem de um jato 737 Max 9, que levou à paralisação de algumas aeronaves da Boeing.

O “Safety Webcast” para toda a empresa será apresentado pelo CEO Dave Calhoun e por outros líderes seniores da Boeing na fábrica da empresa em Renton, Washington, onde são produzidos os jatos 737 Max.

Na sexta-feira (5), um voo da Alaska Airlines que transportava 177 pessoas fez um pouso de emergência logo após a decolagem de Portland, Oregon, depois que parte da parede de uma aeronave do modelo com semanas de uso se soltou e deixou um buraco aberto na lateral do avião.

No sábado (6), a Administração Federal de Aviação ordenou que a maioria das aeronaves Boeing 737 Max 9 fosse temporariamente suspensa enquanto os órgãos reguladores e a Boeing investigavam a causa do incidente. A ordem se aplica a cerca de 171 aviões em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Notavelmente, ninguém morreu ou ficou gravemente ferido no acidente de sexta-feira em pleno voo, que foi parcialmente capturado em vídeos por outros passageiros.

Calhoun disse que a pauta da reunião de terça-feira incluirá a discussão da resposta da empresa ao acidente, de acordo com um memorando interno convidando todos os funcionários a participar, que foi compartilhado publicamente pela Boeing.

“Quando se trata da segurança de nossos produtos e serviços, cada decisão e cada ação é importante”, escreveu Calhoun em seu memorando aos funcionários.

Ele acrescentou que “quando acidentes graves como esse ocorrem, é fundamental que trabalhemos de forma transparente com nossos clientes e reguladores para entender e abordar as causas do evento e garantir que eles não se repitam”.

Calhoun também fez alusão aos crescentes problemas relacionados à segurança que a Boeing foi forçada a enfrentar nos últimos anos, após dois acidentes mortais em 2018 e 2019. “Embora tenhamos feito progressos no fortalecimento de nossos sistemas e processos de gerenciamento de segurança e controle de qualidade nos últimos anos, situações como essa são um lembrete de que devemos permanecer focados em continuar melhorando todos os dias”, escreveu o executivo-chefe.

O acidente, por sua vez, também está chamando a atenção dos legisladores.

Em uma declaração na terça-feira, o senador J.D. Vance pediu que o Comitê de Comércio do Senado convocasse uma audiência para “avaliar os incidentes envolvendo o 737 MAX, os padrões de engenharia e segurança da Boeing e a qualidade da supervisão fornecida pela FAA e outras agências governamentais relevantes”.

“Espero que essa audiência ocorra o mais rápido possível”, disse Vance, republicano de Ohio.

O que se sabe sobre a investigação

O que exatamente fez com que um buraco do tamanho de uma geladeira se abrisse repentinamente no avião de passageiros na sexta-feira continua sendo investigado. Um relatório preliminar é esperado em três ou quatro semanas, disse o porta-voz do National Transportation Safety Board (NTSB), Eric Weiss.

O NTSB disse na noite de segunda-feira que continua a recuperar os objetos que explodiram para fora do avião. No domingo, um professor de Portland encontrou um pedaço da fuselagem da aeronave que havia caído em seu quintal e entrou em contato com a agência.

Dois telefones celulares que provavelmente foram arremessados do buraco no avião também foram encontrados em um quintal e na beira da estrada e entregues aos investigadores.

A presidente do NTSB, Jennifer Homendy, também disse aos repórteres durante o fim de semana que a Alaska Airlines já havia restringido o voo da aeronave no incidente de sexta-feira sobre o oceano depois que a luz de aviso de pressurização automática do avião acendeu três vezes no último mês.

No entanto, Homendy enfatizou durante uma coletiva de imprensa na noite de segunda-feira que o NTSB não tem “nenhuma indicação de que isso esteja relacionado de alguma forma” ao incidente que levou à explosão de um pedaço do avião.

Homendy afirmou que, em parte, o que complica a investigação é a perda de gravações críticas do áudio da cabine de comando, devido a uma configuração do dispositivo que substitui as gravações após coletar duas horas de áudio.

Ela defendeu que a FAA e o Congresso exigissem que as gravações de 24 horas do áudio da cabine fossem mantidas em todas as aeronaves.

Ainda assim, à medida que os investigadores continuam a vasculhar dados, relatos de testemunhas oculares e examinar o próprio jato, os primeiros detalhes da investigação são angustiantes.

Os danos se estenderam a várias fileiras do avião e assentos próximos ao plugue da porta solto estavam vazios no momento da explosão, mas tiveram seus encostos de cabeça arrancados, de acordo com Homendy.

O vídeo do incidente “parece muito calmo, mas tenho certeza de que foi completamente caótico”, disse Homedy.

Em uma declaração da empresa no sábado, a Boeing disse concordar com a decisão da FAA de suspender a maioria dos aviões 737 Max 9 enquanto eles eram inspecionados, enfatizando que “a segurança é nossa prioridade máxima”.

Na segunda-feira, a Boeing disse que enviou às companhias aéreas e empresas de manutenção instruções sobre como inspecionar os aviões.

Também na segunda-feira, a United Airlines — que tem mais Max 9s do que qualquer outra companhia aérea dos EUA — disse que encontrou parafusos soltos do plugue da porta em um número não revelado de suas aeronaves Boeing 737 Max 9 enquanto realizava as inspeções dos jatos exigidas pela FAA.

A Alaska Airlines também informou, na segunda-feira, que encontrou ferragens soltas em alguns de seus aviões 737 Max 9 durante as inspeções.

Lista de incidentes da Boeing

O incidente de alto nível de sexta-feira está colocando um foco renovado na queda da Boeing nos últimos anos. A empresa enfrentou repetidos problemas de qualidade e segurança com suas aeronaves nos últimos cinco anos, o que levou à paralisação de alguns de seus jatos por um longo período e à interrupção das entregas de outros.

Os problemas de qualidade mais evidentes da Boeing ocorreram com o projeto do 737 Max, que foi considerado responsável por dois acidentes fatais: um na Indonésia, em outubro de 2018, e outro na Etiópia, em março de 2019.

Juntos, os dois acidentes mataram as 346 pessoas a bordo dos dois voos e levaram a uma paralisação de 20 meses dos jatos mais vendidos da empresa, o que lhe custou mais de US$ 21 bilhões.

Mas as falhas de projeto que causaram os acidentes trouxeram à tona questões sobre o processo de tomada de decisões na Boeing. Comunicações internas divulgadas durante a paralisação do 737 Max mostraram um funcionário descrevendo o jato como “projetado por palhaços, que, por sua vez, são supervisionados por macacos”.

A mais recente saga de segurança também destaca o fato de que a Boeing provavelmente não precisa se preocupar em ser forçada a sair do mercado tão cedo, independentemente da extensão de seus erros. A Boeing e a Airbus são as duas únicas grandes empresas globais de aviação, nenhuma delas poderia atender sozinha a toda a demanda de aeronaves comerciais, e ambas têm uma carteira de pedidos que se estende por anos.

As ações da Boeing caíram cerca de 8% na segunda-feira, já que os investidores estão preocupados com a possibilidade de mais danos aos seus negócios.

Matéria traduzida do inglês: Leia a reportagem original aqui

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

Fonte: CNN Brasil

Compartilhar Postagem