• qui. jan 23rd, 2025

Coronel do Estado-Maior do Exército pediu golpe de Bolsonaro em mensagens com Mauro Cid

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Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid mostram um coronel com assento no Estado-Maior do Exército clamando, em dezembro do ano passado, por um golpe de Estado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os diálogos que constam no relatório da PF foram publicados pela revista Veja e confirmados pela CNN, que teve acesso à íntegra do documento.

Cid está preso desde o dia 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, e a situação dele agravou-se após a perícia em seu celular encontrar estas novas mensagens golpistas – que levaram o Exército a se posicionar, em nota, nesta sexta-feira (16), afirmando que “prima sempre pela legalidade e respeito aos preceitos constitucionais”.

Nas conversas, o coronel do Exército Jean Lawand Junior pede a Cid que convença Bolsonaro a dar um golpe de Estado.

Coronel do Estado-Maior do Exército clamou por golpe de Bolsonaro em mensagens com Mauro Cid / CNN

Por exemplo, no dia 7 de dezembro do ano passado, Lawand Junior escreve: “Boa tarde irmão! Cadê a ordem Cid? Pelo amor de Deus. Convença o 01 a salvar esse país. Abraço.”

Cid não repreendeu o pedido golpista e respondeu: “Estamos na luta.”

CNN mostrou previamente que o ex-ajudante de ordens já tinha mantido diálogos golpistas, por exemplo, com o ex-major do Exército e aliado bolsonarista Ailton Barros, e com o ex-número 2 do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil, coronel Elcio Franco.

Outros diálogos semelhantes entre Lawand Junior e Cid aconteceram em dezembro.

Coronel do Estado-Maior do Exército clamou por golpe de Bolsonaro em mensagens com Mauro Cid
Coronel do Estado-Maior do Exército clamou por golpe de Bolsonaro em mensagens com Mauro Cid / CNN

No dia 10 daquele mês, o coronel do Estado-Maior escreveu: “Cid, pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem! Se a cúpula do EB [Exército brasileiro] não está com ele, de divisão pra baixo está. Assessore e dê-lhe coragem. Pelo amor de Deus.”

O então ajudante de ordens da Presidência da República respondeu: “Muita coisa acontecendo… passo a passo… “. Lawand respondeu novamente: “Excelente.”

A Polícia Federal encontrou ainda um diálogo mantido entre a esposa de Cid, Gabriela Cid, com Ticiana Villas Bôas, filha do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, no dia 2 de novembro do ano passado – dois dias após o segundo turno das eleições.

Gabriela afirmou: “Temos que pedir eleições e voto impresso. Nada de intervenção federal. Temos que exigir novas eleições e voto impresso. Estamos diante de um momento tenso onde temos que pressionar o Congresso. Agora!”

Ticiana respondeu: “Ou isso, ou a queda de Moraes”, em referência ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Polícia Federal encontrou diálogo golpista mantido pela esposa de Cid, Gabriela Cid
Polícia Federal encontrou diálogo golpista mantido pela esposa de Cid, Gabriela Cid / CNN

Gabriela continua: “Também acho. Esse homem tem que cair. Ele que está estragando o país, o resto é tudo remediável.”

“Se a gente consegue tirar ele, o STF dá uma recuada. Porque o que eles vão fazer é prender o “PR”… com base no inquérito das Fake [News]”, respondeu Ticiana.

À CNN, aliados de Bolsonaro alegam que as mensagens provam que o ex-presidente se distancia do plano golpista. A defesa entende que fica claro que Bolsonaro estava fora e precisava ser arrastado para o plano golpista.

Após a revelação dos diálogos entre Lawand Junior e Cid, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, telefonou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedindo calma, garantindo que tomaria providências a respeito do caso e que já estava agindo.

Por volta de 12h desta sexta, Múcio se reuniu por mais de uma hora no Palácio da Alvorada com Lula e o comandante do Exército, general Tomás Paiva.

Nesta sexta-feira, o Exército afirmou que está adotando as “medidas cabíveis” na esfera administrativa em relação ao coronel Jean Lawand.

Sobre o caso, o Exército disse, em nota, que “eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal”.

A corporação também afirmou que “prima sempre pela legalidade e pelo respeito aos preceitos constitucionais” e que opiniões e comentários pessoais “não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força”.

Publicado por Léo Lopes

Fonte: CNN Brasil

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