• qui. jan 23rd, 2025

Cúpula do G20 chega a acordo e terá declaração final dos líderes, diz Modi

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O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse neste sábado (9) que o G20 chegou a acordo sobre a Declaração de Líderes da cúpula. O texto tem cerca de 75 parágrafos, está pronto e será divulgado até o fim do dia.

“Com base no trabalho árduo de todas as equipes, obtivemos consenso sobre a Declaração da Cúpula dos Líderes do G20. Anuncio a adoção desta declaração”, disse Modi aos líderes do bloco em Nova Delhi.

O grupo estava profundamente dividido sobre a guerra na Ucrânia, com as nações ocidentais pressionando por uma forte condenação da Rússia na Declaração. Outros países exigiam um foco em questões econômicas mais amplas.

A CNN teve acesso à versão oficial do documento e o texto é similar ao adotado em Bali, na Indonésia, local onde foi realizada a cúpula de 2022.

A cúpula ocorre em Nova Delhi e é último ato da Índia à frente do G20. O Brasil assume a presidência do grupo a partir de 2024.

Posicionamento sobre a Ucrânia

Atendendo a uma demanda da China, o G20 reafirmou na declaração que a cúpula é um fórum de natureza econômica, e não geopolítica.

“Reafirmando que o G20 é o principal fórum para a cooperação econômica internacional e reconhecendo que, embora o G20 não seja a plataforma para resolver questões geopolíticas e de segurança, reconhecemos que estas questões podem ter consequências significativas para a economia global”, diz um trecho.

Ao comentar sobre a Guerra da Ucrânia, a cúpula ancorou-se ainda na Carta das Nações Unidos para lembrar que os países devem “abster-se da ameaça ou do uso da força para procurar a aquisição territorial contra a integridade territorial e soberania ou independência política de qualquer estado”.

No texto, os líderes consideram o uso de armas nucleares “inadmissível”.

Veja abaixo íntegra traduzida pela CNN dos trechos que falam sobre a Ucrânia:

  • Notamos com profunda preocupação o imenso sofrimento humano e o impacto adverso das guerras e conflitos em todo o mundo.
  • No que diz respeito à guerra na Ucrânia, embora recordando a discussão em Bali, reiteramos a nossa posições e resoluções nacionais adotadas no Conselho de Segurança da ONU e na Assembleia-Geral da ONU (A/RES/ES-11/1 e A/RES/ES-11/6) e destacou que todos os estados devem agir de maneira consistente com os propósitos e princípios da ONU
    Carta na íntegra. De acordo com a Carta das Nações Unidas, todos os Estados devem abster-se da ameaça ou uso da força para buscar aquisição territorial contra a integridade territorial e soberania ou independência política de qualquer estado. O uso ou ameaça de uso de energia nuclear armas é inadmissível.
  • Reafirmando que o G20 é o principal fórum para a cooperação econômica internacional e reconhecendo que embora o G20 não seja a plataforma para resolver problemas geopolíticos e questões de segurança, reconhecemos que estas questões podem ter consequências significativas para a economia global.
  • Destacamos o sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra na Ucrânia no que diz respeito à segurança alimentar e energética mundial, às cadeias de abastecimento, à estabilidade macrofinanceira, inflação e crescimento, o que complicou o ambiente político para os países, especialmente os países em desenvolvimento e menos desenvolvidos que ainda estão se recuperando da pandemia da Covid-19 e a perturbação econômica que atrapalhou o progresso rumo ao Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Houve diferentes pontos de vista e avaliações da situação.
  • Agradecemos os esforços dos Acordos de Turquia e de Istambul, mediados pela ONU, que consistem do Memorando de Entendimento entre a Federação Russa e o Secretariado das Nações Unidas para a Promoção de Produtos Alimentares e Fertilizantes Russos aos Mercados Mundiais e à Iniciativa para o Transporte Seguro de Grãos e Produtos alimentares provenientes dos portos ucranianos (Iniciativa do Mar Negro), e apelamos à sua entrega completa, atempada e implementação eficaz para garantir entregas imediatas e desimpedidas de grãos, alimentos e fertilizantes/insumos provenientes da Federação Russa e da Ucrânia. Isso é necessário para satisfazer a procura nos países em desenvolvimento e nos países menos desenvolvidos, particularmente aqueles em África.
  • Neste contexto, enfatizando a importância de sustentar a segurança alimentar e energética, apelou à cessação da destruição militar ou de outros ataques a infraestruturas relevantes.
    Manifestamos também profunda preocupação com o impacto adverso que os conflitos têm sobre a segurança dos civis, exacerbando assim as fragilidades socioeconômicas existentes e vulnerabilidades e impedindo uma resposta humanitária eficaz.
  • Apelamos a todos os Estados para que defendam os princípios do direito internacional, incluindo o direito territorial, integridade e soberania, direito humanitário internacional e sistema multilateral que salvaguarda a paz e a estabilidade. A resolução pacífica de conflitos e os esforços para abordar as crises, bem como a diplomacia e o diálogo são fundamentais. Vamos nos unir em nosso esforçar-se para enfrentar o impacto adverso da guerra na economia global e saudamos todas as iniciativas relevantes e construtivas que apoiam uma abordagem abrangente, justa e uma paz duradoura na Ucrânia que defenderá todos os propósitos e princípios da ONU Carta para a promoção de relações pacíficas, amistosas e de boa vizinhança entre nações no espírito de “Uma Terra, Uma Família, Um Futuro”.

Lula prometeu força-tarefa pelo clima

Em seu primeiro discurso no G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu usar a presidência do Brasil no G20 para criar uma “força-tarefa para mobilização global contra a mudança do clima”.

Lula não deu maiores detalhes de como tal força-tarefa poderia funcionar e nem que poderes teria. De qualquer forma, tal iniciativa só tomará vida se for aprovada de forma unânime pelos demais membros do grupo das maiores economias do mundo.

O presidente aproveitou o discurso para também criticar as nações desenvolvidas por suas responsabilidades pelo aquecimento global, já que elas historicamente emitiram muito mais gases de efeito estufa.

Vídeo — Presidência do G20 é oportunidade para Brasil projetar uma nova imagem, diz especialista

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União Africana é admitida como membro

A União Africana, um órgão continental de 55 Estados-membros, tem agora o mesmo status que a União Europeia — o único bloco regional com membros de pleno direito. Sua designação anterior era “organização internacional convidada”.

Modi, no seu discurso de abertura da cúpula, convidou a UA, representada pelo presidente Azali Assoumani, a ocupar um lugar à mesa dos líderes do G20 como membro permanente.

“É uma honra receber a União Africana como membro permanente da família do G20. Isto fortalecerá o G20 e também fortalecerá a voz do Sul Global”, afirmou uma mensagem na conta oficial de Modi no X, anteriormente conhecido como Twitter.

O G20

O G20 é considerado o principal foro mundial de cooperação econômica e financeira internacional.

Os membros do grupo respondem por mais de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, por 75% do comércio global e 60% da população do planeta.

O grupo foi criado em 1999 em resposta à crise financeira asiática e suas consequências internacionais. Na época, reunia apenas ministros de finanças e presidentes de bancos centrais.

Em 2008, para enfrentar nova crise financeira internacional, passou a ter o formato atual, ao nível de chefes de Estado e de governo.

Constituem o G20: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.

Além do G20, participam da cúpula, como convidados da presidência indiana, os líderes de Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Maurício, Nigéria, Omã, Países Baixos, Singapura e União Africana.

Em atualização.

Fonte: CNN Brasil

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