
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse, nesta segunda-feira (19), em entrevista à CNN, que é normal e faz parte da política a pressão de partidos políticos para assumir a pasta.
Nísia explica que o próprio governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve pensar no processo para fortalecer as ações entre os Poderes Executivo e Legislativo.
“Nós vivemos, como diz o cientista político Sérgio Abranches, um presidencialismo de coalizão. Ou seja, ganha-se a eleição presidencial, mas não se tem maioria parlamentar. Então, eu acho que é normal, faz parte da política, jogos de pressão, críticas”, expõe Nísia.
“O que é muito importante, é nós estarmos conscientes nesse momento: o meu cargo é um cargo de confiança do presidente Lula. Foi ele e o vice-presidente Geraldo Alckmin que foram eleitos. Então, cabe a ele decidir a manutenção ou não dos ministérios”, prossegue.
O Ministério da Saúde é cobiçado por ter um dos maiores orçamentos da Esplanada. Em 2023, foram repassados R$ 190 bilhões, ainda sem contar os valores que devem liberados em emendas parlamentares.
Conforme fontes relataram à CNN, Lula não está disposto a cedê-lo. Líderes partidários e demais parlamentares vêm procurando ministros mais ligados a Lula para tratar do assunto.
A pressão dos partidos do Centrão — em especial do PP, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de Alagoas — para assumir a Saúde, em uma eventual reforma ministerial, tem aumentado.
Além disso, o discurso é de que Lula aceita negociar a maioria das pastas, mas que Nísia Trindade é de sua cota pessoal e indicação técnica.
Conforme a ministra, a saúde no país sofreu fortemente nos últimos tempos. E, com isso, a população ganhou uma consciência social sobre a importância da pasta recuperar seu papel de coordenar ações em um país desigual e diverso.
“Então, eu creio que seja muito importante fortalecer essa perspectiva”, cita.
“E a Saúde tem uma história de contribuições à democracia muito grande, vide a construção de um sistema universal de saúde. Eu tenho, em relação, a todos os parlamentares, uma excelente relação. E acho que o governo, como um todo, e o presidente Lula, tem muito essa sensibilidade, vai fazer todo um esforço para que as agendas de reconstrução do Brasil — porque esse é o lema do governo, inclusive — ela se dê fortalecendo o diálogo entre os poderes”, prossegue.
Baixa vacinação
De acordo com Nísia Trindade, a baixa adesão atualmente à vacinação contra a Covid-19 tem relação com “campanhas mentirosas” difundidas durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Primeiro, uma campanha, infelizmente, contrária à vacinação, o que vimos durante a pandemia de Covid-19. Colocar em dúvida, colocar em questão, mais do que colocar em dúvida, dúvida é algo que nós temos que lidar, esclarecendo, nós não temos que ter problemas com a dúvida. Mas campanhas mentirosas e, infelizmente, reforçadas até pelo nível de um governo, de um presidente da República”, manifesta Nísia.
“E como superar isso? Temos feito todo esforço, também tem que ser de governo e sociedade, no esclarecimento. A vacinação para Covid-19, que no início foi bem sucedida, ela acabou sofrendo com isso, e nós precisamos ter a população bem protegida”, esclarece Nísia.
A CNN entrou em contato com Bolsonaro e aguarda resposta.
*Com informações de Larissa Rodrigues
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Fonte: CNN Brasil