Segundo o especialista em segurança internacional Sergio Raza, alguns fatores combinados colaboraram para o atraso, como apoio político, materiais para as Forças de Defesa de Israel (FDI) e o posicionamento de artilharia militar.
“Alguns passos já foram alcançados. Um deles, extremamente importante, era que Israel tivesse uma coalizão política interna para poder enfrentar o volume de feridos e mortos que teria numa eventual ingresso na Faixa de Gaza. Ter o apoio político interno. A população está muito orientada à defesa de Israel, de uma forma muito emotiva, inclusive. Havia muita resistência política, mas, o governo de unidade nacional está formado e isso é um grande passo”, diz Raza.
“Outro aspecto importante era a logística. Israel mobilizou 350 mil soldados. Você não tem 300 mil coletes, capacetes e botas na prateleira. Então, tudo isso teve que ser importado, muito em termos de doação. Isso, inclusive, demonstrou uma grande eficiência do Exército, das Forças Armadas de Israel, em receber, testar, organizar e distribuir esse material em um espaço de tempo tão curto”, prossegue.
Raza explica que, entre a quinta e a sexta-feira passada, as forças que estariam em combate já estavam plenamente equipadas.
“O posicionamento dos tanques de artilharia, que tem de ser preposicionados no terreno para fechar o perímetro e, ao mesmo tempo, estar protegido. Você não pode entrar esperando que vão receber com flores e abraços”, declara.
“Então, nessa ação, extremamente lenta e intensa, Israel deu novamente uma grande demonstração de força e eficiência.”
O especialista cita que ainda existem dois fatores que não estão ultrapassados: a resistência da opinião da mundial sobre a possibilidade do número de baixas e do grau de violência muito intenso caso Israel entre em Gaza e a neutralização de acesso aos túneis de Gaza.
“A projeção é de milhares e milhares de baixas. Dos dois lados. Civis, de efeito colateral, e de soldados.”
Para Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores, o desafio de uma ocupação é extremamente complexo e contém armadilhas militares e baixa de civis incalculáveis.
“Hoje há, enfim, algum esforço diplomático. Seja o ostensivo, no âmbito do Conselho de Segurança, seja pelas muitas consultas que estão sendo feitas”, cita Lafer.
Estados Unidos e Reino Unido votaram contra a proposta e, como eles são membros permanentes do Conselho, com poder de veto, o texto não passou. Não havia consenso dos países sobre a sugestão.
O texto russo pedia cessar-fogo imediato na região e abertura de corredores humanitários, além de condenar todos os atos terroristas.
“Esse é um texto humanitário, e nós não entenderemos se nenhum dos membros rejeitarem apenas por motivos políticos”, disse o representante da Rússia.
No apelo pelo cessar-fogo, o representante explicou que isso é imprescindível porque nenhuma ajuda humanitária pode ser enviada à Faixa de Gaza sem que isso ocorra antes.
Para uma resolução ser aprovada no Conselho de Segurança é preciso que haja votos favoráveis de nove dos 15 membros. Além disso, nenhum dos cinco membros permanentes (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) podem votar negativamente porque possuem poder de veto.
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