A CNN teve acesso a mensagens trocadas entre o ex-secretário de Planejamento e Gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Leonardo Singer e o ex-diretor-adjunto da agência, Saulo Moura Cunha, em 8 de janeiro.
Nas mensagens, Singer disse que sabia do risco de vandalismo e que alguém facilitou a entrada dos manifestantes nos recintos onde armamento estava armazenado.
“Estávamos sabendo também que o povo desceria a esplanada para vandalizar, mas temos um material que está ficando quente demais nas nossas mãos”, disse o ex-secretário.
A CNN procurou Leonardo Singer e Saulo Cunha. Ambos afirmaram que não irão se manifestar.
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Mensagens trocadas em 8 de janeiro
No dia 8 de janeiro, às 23h15, Saulo Cunha envia mensagem a Leonardo Singer e diz: “Estamos cobertos”.
O ex-secretário responde afirmando que “a princípio, sim” e que “precisamos agora apresentar aquele material ao G. Dias”, em referência ao então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Marco Edson Gonçalves Dias .
Singer completa, afirmando que houve facilitação da entrada.
“De alguma maneira, temos que dizer a ele que alguém da equipe dele facilitou a entrada dos manifestantes nos recintos onde armamento estava armazenado. Não é fácil entrar nem é facil achar isso. Uma hipótese forte é coordenação entre gente do GSI e gente da manifestação. Claro..: insinuar isso tudo com muita leveza e sabedoria”, escreve o ex-secretário de Gestão da Abin.
No dia 8 de janeiro, durante invasão do Palácio do Planalto, armas do GSI foram levadas pelos invasores.
No dia 9 de janeiro de 2023, um dia após os atos criminosos aos Três Poderes em Brasília, o ex-secretário encaminha outras mensagens a Saulo Cunha.
Saulo afirma que o ex-ministro Gonçalves Dias está sendo fortemente atacado, assim como o GSI, e diz que ele e Saulo Cunha precisam se blindar de todas as formas, mas sem “relar” em G. Dias.
Leonardo Singer recomenda “conseguir um espaço com algum figurão do MJ [Ministério da Justiça] ou assessoria do [ministro do STF] Alexandre de Moraes” e diz que é para “entregar o trabalho todo”.
Saulo Cunha diz que “o MJ já estava sabendo”, mas concorda que teria que reforçar.
Nesse momento, Singer responde com a mensagem sobre a possível invasão da Esplanada.
Afirma que [eles, Saulo e Singer] estavam “sabendo que o povo desceria a Esplanada para vandalizar”, mas diz que tem um material que está “ficando quente demais nas mãos deles e ressalta que tem que entregar o material a uma autoridade que dê a eles suporte posteriormente”.
Leia as mensagens, exatamente como elas foram redigidas:
- Leonardo Singer: GDias está sendo fortemente atacado, assim como o GSI
- Leonardo Singer: Nós aparecemos de tabela. Narrativa pode mudar contra nós
- Saulo Cunha: Sim.
- Leonardo Singer: Saulo, precisamos nos blindar de todas as formas, mas sem relar no GDias
- Leonardo Singer: Recomendo conseguir um espaço com algum figurão do MJ ou assessoria do Alexandre de Moraes
- Leonardo Singer: É entregar o trabalho todo
- Saulo Cunha: O MJ já estava sabendo.
- Saulo Cunha: MAs temos que reforçar.
- Leonardo Singer: Pois é. Mais para proteger a agência de qualquer ilação
- Leonardo Singer: Ou ataques estranhos
- Leonardo Singer: Estávamos sabendo também que o povo desceria a esplanada para vandalizar, mas temos um material que está ficando quente demais nas nossas mãos
- Leonardo Singer: Temos que entregar
- Leonardo Singer: De preferencia a uma autoridade que nos de suporte posteriormente
- Saulo Cunha: BlZ. Daqui a pouco estou aí e conversamos.
Nesta sexta-feira (18), a CNN relevou que o ex-ministro do GSI general Gonçalves Dias recebeu cinco alertas do ex-diretor-adjunto da Abin, afirmando sobre riscos de invasão a prédios públicos. As mensagens foram encaminhadas do dia 6 ao dia 8 de janeiro de 2023.
Procurado pela CNN, Gonçalves Dias não respondeu.
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Fonte: CNN Brasil