O furacão Lee, de categoria 3, continua afastado ao leste da costa do Caribe neste sábado (9), mas os meteorologistas alertam que os efeitos da tempestade poderão ser sentidos na costa dos Estados Unidos ainda neste fim de semana.
Lee estava a pouco mais de 560 km a leste do norte das Ilhas Leeward às 11h deste sábado (horário local), e provocou ventos de até 185 km/h, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA.
Segundo especialistas, o furacão deve permanecer na categoria 3 ao longo deste sábado, mas pode ganhar força novamente nos próximos dias. Anteriormente, a tempestade havia atingido a categoria 5.
De acordo com o Centro de Furacões, ainda é cedo para afirmar que o núcleo da tempestade atingirá diretamente o solo americano, mas espera-se que Lee avance com a correnteza pela maior parte da costa Leste dos EUA entre domingo (10) e segunda-feira (11), e pode piorar ao longo da semana.
“Lee está se movendo em direção oeste-noroeste em aproximadamente 19 km/h, e esse movimento deverá continuar até o início da próxima semana, com uma diminuição significativa na velocidade entre hoje e domingo”, afirmou o Centro de Furacões em nota.
“Espera-se que condições perigosas nas praias se desenvolvam em torno do Atlântico ocidental durante a próxima semana”.
As ilhas do Caribe devem ser igualmente afetadas pela tempestade, especialmente pelo fato dela se deslocar de forma lenta para oeste-noroeste pelo Atlântico.
Os meteorologistas esperam que o furacão passe “bem ao norte” de Porto Rico, das Ilhas Virgens e ao norte das Ilhas Leeward.
“As ondas geradas por Lee estão afetando partes das Pequenas Antilhas”, alertou o Centro de Furacões na noite da última sexta-feira (8).
Também há previsão de mar agitado nas Ilhas Virgens Britânicas e Americanas, Porto Rico, São Domingos, Turks e Caicos, Bahamas e Bermudas.
Furacão atingiu força rara
O furacão Lee atingiu uma força rara, que poucas tempestades já alcançaram.
Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, em inglês), somente 2% dos eventos no Atlântico foram classificados com a categoria 5.
Além disso, apenas 40 furacões de categoria 5 percorreram o Atlântico desde 1924.
Lee, que havia sido classificado como tempestade de categoria 1 na última quinta-feira (7), ganhou intensidade devido à velocidade nas águas quentes do oceano, o que fez a velocidade dos ventos dobrar em apenas um dia.
Os ventos da tempestade aumentaram cerca de 136 km/h em 24 horas, igualando a marca do furacão Matthew, que teve a terceira intensificação mais rápida já registrada no Atlântico, de acordo com o meteorologista e pesquisador da NOAA, John Kaplan.
Matthew atingiu o Haiti em 2016 e matou centenas de pessoas, além de provocar diversos estragos em partes do sudeste dos EUA.
A categoria 5 é o nível mais alto na escala de velocidade dos ventos de um furacão. Os fenômenos atingem esse nível quando a ventania chega a 250 km/h — ou mais.
Uma tempestade de 265 km/h como a de Lee está na mesma categoria do furacão Allen, o mais forte já registrado no Atlântico, que atingiu a marca de 300 km/h em 1980.
Os furacões precisam da combinação de água quente, ar úmido e ventos fracos de níveis superiores para se intensificarem e atingir a categoria 5. Lee tinha tudo isso — principalmente a água quente, em meio a um verão de recordes de temperatura.
As temperaturas da superfície do mar onde está o furacão Lee estão a cerca de 2ºC acima do normal. De acordo com o climatologista do estado da Flórida, David Zierden, houve um aumento “muito acima dos níveis recordes” este verão.
Um furacão atingir a categoria 5 tornou-se mais comum na última década. Lee é o oitavo fenômeno a registrar a marca desde 2016. Isso significa que, nos últimos 7 anos, pelo menos 20% desses furacões foram registrados no banco de dados da NOAA.
O Atlântico não é o único oceano que gerou uma tempestade dessa magnitude em 2023. Todas as bacias oceânicas onde os ciclones tropicais podem se formar tiveram pelo menos uma tempestade que atingiu a categoria 5 do início do ano até agora.
Quão perto o furacão Lee chegará dos EUA?
Os modelos meteorológicos mostraram que o furacão Lee se dirigirá para o norte no início da próxima semana.
Mas somente quando esse movimento ocorrer é que será possível estimar o quão perto o fenômeno chegará dos EUA, além de outros fatores de direção na superfície e nos níveis superiores da atmosfera.
Uma área de alta pressão sobre o Atlântico, conhecida como Bermuda High, terá uma grande influência na velocidade do Lee.
O que se espera é que a Bermuda High permaneça muito forte no fim de semana, o que deve manter o furacão em sua atual rota oeste-noroeste, fazendo com que ele desacelere um pouco.
Somente após a perda de força do sistema de alta pressão, é que Lee deve começar a se mover para o Norte.
Assim que ocorrer essa “virada”, a posição da corrente de jato — fortes ventos de nível superior que podem mudar a direção da trajetória de um furacão — influenciará a proximidade de Lee com os EUA.
Confira abaixo alguns possíveis cenários.
Mar adentro
Lee poderá fazer uma curva rápida para o norte no início da próxima semana se a alta pressão enfraquecer significativamente.
Se a corrente de jato se firmar ao longo da costa Leste, ela atuará como uma “barreira”, que impedirá Lee de se aproximar do litoral.
Este cenário manteria o furacão mais longe da costa dos EUA, mas poderia aproximar a tempestade das Bermudas.
Perto da costa Leste
Outra hipótese é de que Lee faça uma curva mais lenta para o norte se a alta pressão permanecer robusta e a corrente de jato se instalar mais para o interior, sobre o leste dos EUA.
Este cenário deixaria partes da costa Leste, principalmente ao norte das Carolinas, vulneráveis a uma aproximação de Lee.
Vale ressaltar que o furacão ainda está a pelo menos 7 dias de se tornar uma possível ameaça para a costa Leste americana. Qualquer impacto potencial ao país ficará mais claro à medida que o fenômeno se deslocar para oeste nos próximos dias.
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Publicado por Amanda Sampaio, da CNN.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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Fonte: CNN Brasil