• qui. jan 23rd, 2025

Israel dá 2 horas para hospital de Gaza ser esvaziado, diz Médicos Sem Fronteiras

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Israel deu ao hospital Al Awda, em Gaza, apenas duas horas para que o local fosse esvaziado. A informação é da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). O anúncio ocorreu por volta das 16h (no horário de Brasília) desta sexta-feira (13).

O hospital, um dos vários que o Médicos Sem Fronteiras apoia em Gaza, “ainda estava tratando dos pacientes” ao receber o anúncio, disse o grupo de ajuda médica.

“Condenamos inequivocamente esta ação, o contínuo derramamento de sangue indiscriminado e os ataques aos cuidados de saúde em Gaza”, acrescentou a organização. “Estamos tentando proteger nossos funcionários e pacientes”.

Na manhã desta sexta-feira, a diretora-geral do Médicos Sem Fronteiras, Meinie Nicolai, classificou a ordem dada por Israel para que 1,1 milhão de pessoas no norte de Gaza deixassem o local como “ultrajante”, dizendo que “isso representa um ataque aos cuidados médicos e à humanidade”.

“Temos visto consistentemente uma linguagem desumanizante e esta violência é uma manifestação disso. Estamos falando de mais de 1 milhão de seres humanos. ‘Sem precedentes’ nem sequer cobre o impacto médico-humanitário disto”, disse Nicolai. “Gaza está sendo arrasada, milhares de pessoas estão morrendo, isto tem de parar agora. Condenamos a exigência de Israel nos termos mais fortes possíveis.”

“Sentença de morte”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta sexta-feira que as autoridades locais de saúde em Gaza informaram que é impossível retirar pacientes hospitalares do norte da Faixa de Gaza.

“Há pessoas gravemente doentes, cujos ferimentos significam que sua única chance de sobrevivência é estar sob suporte de vida, como ventiladores mecânicos”, disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic. “Portanto, transportar essas pessoas é uma sentença de morte. Pedir aos profissionais de saúde que façam isso é muito cruel.”

A OMS, que já havia alertado que os hospitais na Faixa de Gaza estavam em um ponto de colapso, disse que as unidades de saúde ao sul do território palestino estavam superlotadas, enquanto os dois principais hospitais no norte já haviam excedido sua capacidade combinada de 760 leitos.

“Consequências humanitárias devastadoras”

“As Forças de Defesa de Israel (FDI) pedem a evacuação de todos os civis da cidade de Gaza de suas casas ao sul para sua própria segurança e proteção e mudança para a área ao sul de Wadi Gaza”, disseram as Forças de Defesa de Israel no comunicado que ordenou a evacuação.

Entretanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que é “impossível” que isso seja feito “sem consequências humanitárias devastadoras”.

“As Nações Unidas apelam veementemente para que qualquer ordem deste tipo, se confirmada, seja cancelada, evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia em situação calamitosa”, alertou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, em comunicado.

Dujarric também ressaltou que a ordem dos militares israelenses também se aplica a todos os funcionários da ONU e àqueles abrigados nas instalações da organização, incluindo escolas, centros de saúde e clínicas.

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse que a resposta ONU é “vergonhosa”, e que a Organização deveria se concentrar em condenar o Hamas.

Mais de 3 mil mortos no conflito

O ataque terrorista do grupo radical islâmico Hamas contra Israel no último sábado (7) matou ao menos 1.300 pessoas até o momento e é o pior ataque contra civis na história de Israel.

Israel respondeu colocando Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas, sob cerco, dizendo que “não haverá eletricidade, água ou combustível” até que o Hamas devolva os reféns capturados. O país também está realizando bombardeios, que destruíram bairros inteiros, na Faixa de Gaza. Mais de 1.800 palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde palestino.

Veja também: Ônibus fretado pelo Itamaraty para resgatar brasileiros em Gaza já chegou em escola

*Publicado por Fernanda Pinotti, com informações de Dan Wright e Lauren Kent, da CNN

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

Fonte: CNN Brasil

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