Fontes do Itamaraty disseram à CNN ver com muita preocupação a vitória do ultradireitista Javier Milei nas primárias da Argentina, mas consideraram que os dois meses de distância até a eleição podem levar a um cenário de acomodação das forças de modo a favorecer outras forças políticas.
A avaliação na diplomacia brasileira no dia seguinte às primárias argentinas foi de que as ideias de Milei são de fácil apresentação, mas de difícil execução e extremamente complexas.
Foram mencionadas a propostas de dolarização, liberação do aborto e venda de órgãos.
Mas a que mais incomodou o Itamaraty é a saída da Argentina do Mercosul, ainda de acordo com as fontes consultadas pela CNN.
Diplomatas disseram à CNN que isso afetaria diretamente a relação do Brasil com a Argentina e também a integração do Estado brasileiro na América do Sul, que tem o bloco econômico como eixo essencial.
Apesar da preocupação, a leitura, segundo relatos à CNN, é de que até a eleição em si — pouco mais de dois meses — haverá uma reacomodação de forças na política argentina que pode ameaçar a vitória de Milei.
Primeiro, porque poderia haver um medo de parte do eleitorado com a vitória dele, levando uma parcela maior da população às urnas para tentar reverter o indicativo das primárias.
Segundo, porque esse possível medo de Milei também poderá fazer forças políticas se reaglutinarem para evitar a vitória do ultradireitista.
As apostas dentre diplomatas que acompanharam de perto o domingo na Argentina é que tanto o candidato governista de esquerda, Sergio Massa, quanto o nome da direita moderada, Patricia Bullrich, podem ser beneficiados por esse cenário até as eleições e com chances de reverter a liderança de Milei.
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Fonte: CNN Brasil