A cantora Ludmilla publicou um vídeo nas suas redes sociais nesta quinta-feira (23) relatando um caso de racismo no qual um deputado estadual teria chamado ela de “macaca” em um evento no passado.
Isso ocorre apenas três dias após o Dia da Consciência negra, data em que a cantora disse que “não há o que celebrar”, pois continua sendo alvo constante de racismo.
Nos stories do Instagram, Ludmilla confirmou que irá receber a Medalha Tiradentes, uma honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e agradeceu aos deputados que votaram a favor do recebimento.
Ela continuou dizendo que também precisava responder a uma pessoa específica, que “foi capaz de fazer um vídeo falando que vetou a minha medalha, não porque ele é racista, mas sim por causa da música ‘Verdinha’”.
Nas redes, os fãs da cantora apontam que o deputado estadual a quem ela se refere é Thiago Gagliasso (PL), que postou um vídeo no Instagram do momento no qual votou contra a entrega da medalha para Ludmilla.
Thiago Gagliasso se manifestou nas redes sociais sobre a fala da cantora. “Infelizmente existe gente querendo se promover em cima de uma causa séria. Se isso realmente fosse verdade, por que não denunciou? Antirracista de ocasião, hipócrita”, disse em vídeo e na legenda, se referindo ao vídeo da Ludmilla.
“Não sabe o hino e ficou com raiva pelo meu voto! Votei CONTRA e votaria de novo! Vá aprender o hino nacional e seja humilde pra tirar foto com crianças do Vidigal que vc chamou de mal encarados”, escreveu o deputado.
Confira a publicação feita pelo Thiago Gagliasso após a fala de Ludmilla:
“Um dos piores racismos” que Ludmilla sofreu na vida
Nos stories, Ludmilla narrou o que ela chamou de “um dos piores racismos que sofreu na vida”, envolvendo o deputado.
“A gente estava na casa de uma das pessoas mais famosas desse país, e eu estava acompanhada de um cara. Daí ele conhecia esse cara. Ele chegou nesse cara, na minha frente, e falou: ‘Pô mano, tanta mina gata na festa e você está com essa macaca?’”, relatou a cantora. Ela disse que começou a discutir com o homem em questão após o comentário, assim como o seu acompanhante, mas que ela não conhecia mais ninguém na festa naquela ocasião.
“E aí já veio um monte de gente falando assim: ‘Calma, é que ele é assim mesmo, às vezes passa dos limites’. Eu falei que nesse tipo de situação não tem calma. Eu estava meio que sozinha com esse cara, e ele acabou me defendendo. Mas eu não estava com a minha família, com meus amigos, então eu fiquei muito mal”, disse ela.
Ela ainda acrescentou que em outro evento, no mesmo lugar, o mesmo homem foi tentar falar com ela.
“Ele veio me cumprimentar. Eu falei pra todo mundo: ‘Não deixa esse garoto chegar perto de mim, gente, não deixa’. Dito e feito. Ele insistiu, se enfiou no meio da roda pra falar comigo. Eu falei: ‘Não fala comigo porque você é racista, eu tenho nojo de você. Se eu pudesse aqui, eu dava na sua cara agora’. Aí o pai do dono da festa soube da situação e colocou ele pra fora da festa, porque ele ficava me olhando com cara de psicopata”, falou Ludmilla.
Ela disse nunca ter exposto essa história antes pois gostaria de esquecer o que aconteceu, mas decidiu falar sobre nesta quinta-feira após ver um vídeo do deputado justificando seu voto contrário à entrega da Medalha Tiradentes por conta da música “Verdinha” da cantora.
“Ele votou [contra] a medalha não foi por causa de música nenhuma não, é porque ele é racista mesmo”, disse Ludmilla.
Vídeo anterior de Thiago Gagliasso justificava voto contrário à entrega da medalha
Em um vídeo postado pelo deputado estadual Thiago Gagliasso na quarta-feira, ele aparece na Alerj justificando seu voto contrário à entrega da Medalha Tiradentes para Ludmilla.
“Quero registrar meu voto aqui, nada pessoal contra a Ludmilla […] pra deixar claro pro nosso eleitor, e em nome até das pessoas que também votaram contrário, pra não ficar esse caso de que se você discorda da postura da pessoa é porque você é racista. Não tem nenhum racista”, disse Thiago Gagliasso.
E ele acrescenta: “Não tem nada a ver com coisa de racial, e sim pela postura que a gente como conservador tem que defender, que é de fato saber cantar o hino nacional, saber que não pode vender verdinha. Que depois a gente fica taxado de racista, de homofóbico, de um monte de coisa.”
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Fonte: CNN Brasil