Ao pedir o mundo para não esquecer aqueles que ainda enfrentam o perigo iminente das forças russas, o ícone do futebol ucraniano, Andriy Shevchenko, diz que o esporte tem um papel importante a desempenhar na união das pessoas pelo seu país.
Os combates ainda são uma ocorrência diária na Ucrânia, com milhões de pessoas incapazes de retornar à normalidade depois de fugirem do país.
Desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro, Shevchenko usa sua plataforma para aumentar a conscientização e arrecadação de dinheiro para sua amada pátria.
Como muitos, o ex-capitão da seleção da Ucrânia foi profundamente afetado pela guerra e diz que levou semanas para aceitar o que estava acontecendo em sua terra natal.
“Pessoalmente, é muito difícil para mim. Ainda me sinto frustrado com o que aconteceu”, disse ele à CNN. “Às vezes eu fazia a mesma pergunta e não conseguia encontrar a resposta, mas agora só temos uma direção. Precisamos vencer esta guerra e começar a reconstruir o país”.
Shevchenko e a estrela do tênis, Elina Svitolina, foram nomeados embaixadores da UNITED24, uma organização criada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com o objetivo de direcionar doações para os esforços de guerra.
A iniciativa até agora arrecadou mais de US$ 166 milhões e há outros projetos em andamento para arrecadar ainda mais fundos.
“A mensagem é muito clara. Desde que a guerra começou, a Ucrânia precisa de muita ajuda”, diz Shevchenko, que ganhou a Bola de Ouro em 2004, acrescentando que está em comunicação com Zelensky.
“Estou aqui, como parte da plataforma UNITED24, para conscientizar e falar sobre a guerra para tentar levantar fundos para ajuda humanitária e médica, porque é disso que, neste momento, a Ucrânia precisa. Precisamos de algum apoio […] para continuar nosso futuro, nossa independência e nosso caminho democrático”.
‘Precisamos da sua ajuda’
Shevchenko, que jogou em vários times europeus de alto nível, como Milan e Chelsea, visitou recentemente a Polônia para conhecer crianças ucranianas que fugiram da guerra e que agora enfrentam um futuro incerto como refugiadas.
Enquanto estava lá, ele elogiou a tenista Iga Swiatek e a estrela do futebol polonês, Robert Lewandowski, por fazerem sua parte em arrecadar dinheiro e conscientizar sobre a guerra.
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No mês passado, Swiatek organizou e estrelou uma partida beneficente que visava ajudar os ucranianos que precisavam de apoio.
“Isso é muito importante porque, no momento, os atletas são ícones para a geração mais jovem. É muito importante que as pessoas se posicionem contra a guerra, que enviem a mensagem em todo o mundo contra a guerra e apoiem a paz na Ucrânia”, acrescenta Shevchenko.
A invasão russa da Ucrânia foi amplamente coberta pela mídia global nos estágios iniciais, mas Shevchenko diz que é “normal” que o ciclo de notícias parta para outros assuntos. No entanto, ele diz que é importante que as pessoas estejam cientes do quão perigoso é para aqueles que ainda vivem na Ucrânia em meio aos bombardeios diários.
Recentemente, autoridades ucranianas acusaram as forças russas de lançar foguetes na usina nuclear de Zaporizhzhia, aumentando o temor de um acidente.
O órgão de vigilância da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que combates no complexo ocupado é risco para um “desastre nuclear”.
“Não podemos esquecer o que está acontecendo na Ucrânia. Os russos continuam bombardeando e a guerra nunca parou. O povo ucraniano, nós, precisamos de um apoio incrível do mundo. Por favor, não se esqueça de nós. Precisamos da sua ajuda”, diz Shevchenko.
Poder do esporte
Shevchenko diz que viu o quão poderoso o esporte pode ser para conscientizar e elevar moral no país desde o início da guerra.
Em junho, ele viu a seleção ucraniana vencer a Escócia em sua primeira partida oficial desde a invasão e, apesar de seu país não ter conseguido se classificar para a Copa do Mundo no Catar depois de perder para o País de Gales, Shevchenko diz que a equipe deu esperança a seus compatriotas.
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“O esporte tem um poder incrível de unir as pessoas”, diz ele. “Foi incrível sentar no meio da multidão de escoceses e ter um apoio incrível para a Ucrânia. Senti que estávamos jogando em casa porque as pessoas se uniram por causa da terrível guerra na Ucrânia e queriam que a Ucrânia se saísse bem”.
“Acho que os jogadores se saíram muito bem e se esforçaram muito, mas é esporte e, no esporte, há apenas um vencedor”.
Agora, há planos para o retorno da Premier League ucraniana no final deste mês, depois que os jogos foram suspensos quando os combates começaram.
O ministro do Esporte do país, Vadym Guttsait, disse que as partidas serão disputadas com portões fechados e estádios equipados com medidas de segurança.
“É muito importante para as pessoas, para o resto do mundo – podemos enviar a mensagem de que a Ucrânia está lá”, diz Shevchenko sobre a perspectiva de retorno do futebol em casa.
“Mesmo que estejamos em guerra dentro do país, vamos lutar porque também queremos viver como em países normais, com vidas normais”.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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Fonte: CNN Brasil