Familiares e amigos das vítimas foram às ruas de Atenas, capital da Grécia, neste sábado (4), para protestar e cobrar respostas das autoridades sobre a colisão de trens que deixou pelo menos 57 pessoas mortas. Os manifestantes erguem placas dizendo: “Não foi um acidente, foi crime”.
Os protestos acontecem desde quarta-feira (1), um dia após a tragédia, mas se intensificaram depois da divulgação do áudio da conversa entre o condutor de um dos trens e o chefe da estação de Larissa, cidade próxima do local onde ocorreu a colisão, a 230 quilômetros de Atenas.
O diálogo sugere que o chefe da estação orientou o maquinista a avançar sobre o sinal vermelho. O homem, de 59 anos, está preso. Ele é acusado de homicídio por negligência e pode ser condenado à prisão perpétua.
O acidente desencadeou uma crise política no país. Familiares e ferroviários alegam que, apesar da confirmação de erro humano, a negligência das autoridades contribuiu para a tragédia.
O presidente do Sindicato de Ferroviários grego, Konstantinos Genidounias, disse à Rádio França Internacional que se sinalizadores estivessem funcionando, os comboios teriam parado entre 500 metros a 1 quilômetro um do outro.
Ferroviários dizem que há décadas pedem melhorias nas ferrovias gregas, que afirmam ser sucateadas e operar com um número de funcionários inferior ao necessário.
O próprio Ministro dos Transportes grego, Kostas Karamanlis, que renunciou após o acidente, disse que o sistema ferroviário da Grécia “não está de acordo com os padrões do século XXI”.
Crise estrutural
Depois da crise da dívida grega, em 2010, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional exigiram a privatização das ferrovias gregas em 2013 como uma das contrapartidas exigidas para socorrer financeiramente o país.A Hellenic Train, empresa responsável pela manutenção das ferrovias da Grécia, foi privatizada em 2017 e agora pertence à estatal italiana Ferrovie Dello Stato Italiano (FSI).
Cinco anos depois da privatização, os sistemas de segurança ainda não foram automatizados. Os sindicatos do setor alegam que a empresa não realizou nenhum tipo de investimento desde a privatização para melhoria do sistema. Também afirmam que o poder público falhou em acompanhar e regular a empresa após a ferrovia passar à iniciativa privada.
A Grécia registra a maior taxa de fatalidade ferroviária por milhões de quilômetros entre as 28 nações da União Europeia, de acordo com um relatório de 2022 da Agência da União Europeia para Ferrovias.
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Fonte: CNN Brasil