O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil na gestão de Jair Bolsonaro (PL), afirmou, em entrevista exclusiva à CNN, que acredita na inocência do ex-presidente da República no caso da suposta adulteração de seu cartão de vacinação.
Nogueira disse ainda que não teme o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Cid foi preso na última quarta-feira (3), no âmbito da operação Venire, da Polícia Federal (PF), que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (SI-PNI e RNDS). Bolsonaro teve seu celular apreendido na ocasião.
“O presidente não teme nada. Um homem que tem um celular que não tem nem senha não teme nada na vida. Bolsonaro é um homem muito correto, espontâneo, honesto. Eu não tenho dúvida que a sua inocência, a sua forma de ver o país será respeitada, e que tudo vai ser esclarecido, e ele sairá muito mais forte desse processo do que entrou”, afirmou Ciro Nogueira.
As inserções, conforme a PF, ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Nogueira disse ainda que não acredita em uma punição a Bolsonaro por ele não ter se imunizado. Ele também declarou não acreditar na inelegibilidade do aliado.
“Como vai ser punido por uma coisa dessa? Ele pode ser criticado por não ter se vacinado, foi uma decisão dele. Mas jamais punido eleitoralmente. O que tem a ver uma coisa com a outra? Espero que isso não ocorra e que a população brasileira tenha o direito de fazer suas escolhas, independentemente de vontade de quem quer que seja de tornar o presidente inelegível”.
“Quem tiver culpa que pague por suas omissões”
Para o senador, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, que investigará os ataques criminosos aos Três Poderes, tem que esclarecer fatos e não encobrir ou proteger alguém.
“Que a população brasileira tenha no trabalho dos seus parlamentares o instrumento necessário para esclarecer esse fato tão difícil na história política do nosso país. Não adianta você ter maioria ou cuidar de minoria. O que conduz a CPMI são os fatos, a verdade”.
“Eu tenho certeza que ela [a verdade] virá à tona. Já começou a ser desvendada com aquela matéria da própria CNN, ao divulgar aquele vídeo absurdo. Temos uma expectativa muito positiva de um trabalho muito bem feito na CPMI”.
Nogueira acrescentou não ter receio sobre os aliados de Bolsonaro que estão na mira da investigação, justificando que “quem tiver culpa que pague pelos seus pecados e omissões”. “Não estaremos lá para proteger ninguém, é para esclarecer os fatos”.
Sobre a presidência e relatoria do colegiado, o senador disse que o ideal é ter “pessoas independentes, que não vão lá ou para acusar sem provas ou para defender o indefensável”.
“Ter maioria ou minoria é legítimo de qualquer um dos lados. O que não pode acontecer são manobras regimentais para tirar o direito da oposição, como está acontecendo. Mas temos uma expectativa enorme que as pessoas que vão para a CPMI vão no intuito de esclarecer os fatos que a população precisa”.
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Fonte: CNN Brasil