A CNN teve acesso aos slides que o diretor-presidente da Americanas, Leonardo Coelho, apresentou nesta terça-feira (13) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a fraude contábil na empresa.
Eles expõem mensagens que sugerem que a antiga diretoria da varejista promoveu deliberadamente uma série de ações que levaram à fraude bilionária na companhia.
Em um dos slides está descrito que a troca de mensagens “demonstra a preocupação em mostrar o índice de endividamento ao Conselho e ao Mercado, o que seria ‘morte súbita’, nas palavras de José Timotheo Barros [antigo diretor financeiro]”.
A mensagem foi enviada por Barros no dia 7 de março de 2017 a um grupo de WhatsApp com antigos diretores e diz o seguinte:
“Bom dia. Estava refletindo sobre a nossa alavancagem em 2017. Não podemos mostrar ao conselho e ao mercado nada acima de 3.3-3.5. Será morte súbita. Temos que trabalhar, desde já, em todas as alavancas. Além disso, no próximo sábado 11/3 o Marcelo deve apresentar para todos os diretores o Orçamento de 2017 com alavancagem máxima de 3.1”.
Em outro slide, o presidente da Americanas exibiu o que seria um “alinhamento prévio para responder aos questionamentos do Comitê de Auditoria”.
Nele, há um questionamento sobre uma operação com fornecedores: “Continuamos sem nenhuma transação de forfait / convênio junto aos fornecedores, correto?”, questiona.
Ao que um dos diretores do grupo no WhatsApp faz a seguinte questão: “A Vanessa colocou essa pergunta. Nos trimestres anteriores ela também perguntou isso e respondemos que não temos. Continuamos na mesma linha?”.
Duas respostas aparecem: uma é “ok”, outra é “sim”.
Um terceiro slide cota que as cartas de circularização eram incompletas “com o objetivo de que as informações referentes às operações de risco sacado não constassem” nelas.
A mensagem exibida mostra um questionamento feito também pelo então diretor financeiro a um interlocutor chamado “Fabio”, na qual é feita a seguinte questão:
“Boa tarde! Fabio como estamos com os bancos para retirar das cartas a info das operações com fornecedores. Vida/Morte para nós”.
Um quarto slide aponta que a “KPMG permitiu a alteração de carta de controles a pedido da diretoria da companhia, de modo a suprimir deficiências significativas nas demonstrações financeiras do conhecimento do CADM” (Conselho de Administração).
O slide mostra um documento timbrado da KPMG na qual se rasura, por exemplo, a expressão “deficiências significativas”.
Procurada pela CNN, a KPMG disse que “por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma”.
A CNN também procurou os demais citados na reportagem, mas ainda não obteve retorno.
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Fonte: CNN Brasil