A embaixadora Linda Thomas-Greenfield, que representa os Estados Unidos junto à Organização das Nações Unidas (ONU), disse que qualquer tentativa de solução da guerra no leste europeu deve considerar o apoio à Ucrânia. A declaração foi dada neste terça-feira (2), após agenda com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, em Brasília.
“Incentivamos os países a se engajarem em questões relacionadas à busca de uma solução para a guerra, mas é importante que, ao fazerem isso, eles tenham que se engajar com a Ucrânia. Não podemos avançar em uma situação que deixe a Ucrânia fora da equação”, pontuou.
A afirmação foi uma clara indireta ao Brasil, sobretudo por conta de falas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tentou “culpar” a Ucrânia pelo conflito. A embaixadora frisou que o posicionamento incomodou aos Estados Unidos, mas sinalizou que o assunto é página virada.
“Nós discutimos essa questão [na reunião com Mauro Vieira]. Eu expressei, como o governo havia feito antes, nosso desapontamento com as declarações que foram feitas. No momento vou dizer que o Brasil de forma consistente votou em favor de resoluções condenando a Rússia no Conselho de Segurança, como no dia 23 de fevereiro deste ano. Eles votaram por uma resolução de paz na Ucrânia”, completou.
A embaixadora falou ainda que conversou com o chanceler sobre a China, no entanto, respeitando a autonomia do Brasil nas relações comerciais com o país asiático. Segundo ela, tratou também da possível participação brasileira em nova força de paz no Haiti.
“O governo haitiano solicitou apoio de segurança, e continuamos a dialogar com o Brasil e com outros países do Conselho de Segurança, bem como com outros fora do Conselho, sobre como podemos apoiar de forma mais eficaz as preocupações de segurança do Haiti”.
Linda Thomas-Greenfield ficará no Brasil até a próxima quinta-feira (4), quando terá reunião com o chefe da assessoria especial da Presidência da República, Celso Amorim.
O foco da visita, segundo a Embaixada dos Estados Unidos, inclui agendas sobre temas como a promoção da democracia, combate às mudanças climáticas, segurança alimentar, cooperação contínua em migração regional e garantia de equidade para comunidades raciais, étnicas e indígenas marginalizadas.
A passagem da embaixadora pelo país inclui uma visita à Salvador, na Bahia, em um evento que tem como foco o combate à discriminação racial.
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Fonte: CNN Brasil