O mês de abril deu continuidade à desafios econômicos, mas também trouxe indicadores positivos para a economia global.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, subiu 2,12%, enquanto no acumulado do ano soma queda de 4,83%. Já o dólar fechou o período com recuo de 1,46%. Desde o início do ano, a moeda norte-americana perdeu 5,61% ante o real.
No cenário doméstico, o contexto político e fiscal continuou gerando incertezas, o que manteve a volatilidade no mercado em alta. Além disso, a pressão pública para um corte na taxa básica de juros pelo Banco Central (BC) e os dados de inflação abaixo do esperado alimentaram expectativas de mudanças na política monetária.
Por outro lado, a análise é de que a má qualidade da inflação e a falta de ancoragem das expectativas para a alta dos preços ainda não abrem espaço para a queda dos juros.
Em seu relatório, a Genial Investimentos avalia que a proposta do novo marco fiscal reduziu incertezas. No entanto, o texto se mostrou incompleto e a falta de premissas explícitas no documento gerou preocupação entre analistas.
“Apesar de o ministro Fernando Haddad ter declarado que aumentará a arrecadação tributária em R$ 150 bilhões em 2023, há dúvidas se a medida será aprovada pelo Congresso Nacional. Com os investidores já se preparando para um provável aumento de impostos, os setores de varejo foram alguns dos mais penalizados”, diz a consultoria.
Já no âmbito internacional, na China, dados divulgados em abril revelaram um cenário mais construtivo, com indicadores, como o PMI do setor de serviços e o Produto Interno Bruto (PIB), apresentando resultados positivos.
Segundo a Genial, após a divulgação do PIB da segunda maior economia do mundo, o mercado percebeu que os pilares do crescimento diferem do passado recente, com a recuperação pós-Covid liderada pelo consumo interno, e não mais por investimentos, infraestrutura ou pelo setor imobiliário.
Isso trouxe pressão às commodities metálicas, apesar dos dados positivos de crescimento da economia do gigante asiático.
Nos EUA, o mercado de trabalho mostrou uma redução no ritmo de criação de vagas, mas ainda segue em ritmo saudável. Por lá, a crise bancária e a deterioração do mercado imobiliário estão entre os fatores que preocupam os analistas.
Apesar desse cenário turvo, dados positivos da economia norte-americana, como números de PMIs, além do resultado satisfatório de grandes bancos e das big techs durante o primeiro trimestre, ajudaram sustentar os índices do mercado financeiro.
No radar em maio
Para este mês, a avaliação das consultorias é de que ainda há incertezas quanto à eficiência da nova política fiscal para trazer os juros para baixo. Saindo da pauta monetária, investidores também devem focar as atenções na temporada de resultados das empresas no primeiro trimestre deste ano.
Diante deste quadro ainda dúbio, se mantém a indicação de cautela, principalmente no longo prazo. A recomendação dos analistas segue na diversificação de ações e busca por papéis defensivos.
O investidor também deve focar em empresas mais resistentes à conjuntura macroeconômica, além de papéis com preços descontados.
Neste segmento, se destacam os setores de consumo, financeiro, utilidades básicas, imobiliário e commodity.
“Mantemos uma postura defensiva em nossos portfólios, focado em empresas menos cíclicas e com resultados fortes nos últimos trimestres (e expectativa de bons resultados no curto prazo)”, afirma a Guide. “Mantemos no portfólio empresas pouco cíclicas, como RD, Multiplan e Ecorodovias, além de empresas exportadoras, como Vale e São Martinho”.
Com base neste cenário, bancos e corretoras consultadas pela CNN recomendaram as ações com maior potencial para o mês de maio. Para a montagem desta carteira, participaram: Guide, Órama, Banco do Brasil, XP, EQI Research, Santander, BTG Pactual, Genial, Ativa e Warren.
Liderando as recomendações aparece a Vale e Itaú Unibanco, ambas com 7 sugestões para investimentos. Em seguida, com 6 recomendações, estão PetroRio, São Martinho e Multiplan.
Veja a lista
Destaques para o mês
Veja o que os analistas comentaram sobre os papéis mais indicados para maio:
Vale
Ticker: VALE3
Comentário: Santander
A instituição acredita que a Vale está bem posicionada na indústria global de minério de ferro, sua divisão mais importante.
“Esperamos que a demanda por minério de ferro de alta qualidade continue decente no curto prazo, beneficiando a empresa devido ao incremento do projeto S11D (localizado no município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará), que aumentou a oferta da commodity de maior qualidade da companhia”, diz o banco.
Apesar da recente queda dos preços de minério de ferro no mercado internacional (-14% em abril ante uma tendência de alta nos primeiros meses de 2023), o Santander mantém uma perspectiva positiva sobre os preços da commodity no médio prazo.
O banco cita, como direcionadores, a retomada mais forte da atividade industrial na China; a recuperação dos preços do minério de ferro em níveis mais elevados; a distribuição de dividendos e programas de recompra de ações; e possível spin-off ou IPO da divisão de Metais Básicos, podendo destravar valor à companhia.
Já como os riscos são redução significativa na produção de aço chinesa, levando a uma queda da demanda por minério de ferro, considerando que o país
representa aproximadamente metade da demanda global por esse produto; aumento significativo de passivos relativos ao rompimento da barragem de Brumadinho; rápida valorização do real, que pode aumentar os custos do minério de ferro medidos em dólares; queda nos preços do níquel e cobre e adições inesperadas de capacidade pelos concorrentes.
Itaú Unibanco
Ticker: ITUB4
Comentário: Órama Investimentos
O Itaú é o principal banco do país, com R$ 2,16 trilhões em ativos. A consultoria diz que historicamente o banco tem bom desempenho, com alta lucratividade e crescimento em linha com o mercado.
A análise diz que o Itaú sempre operou a prêmio, porém o mercado desconta o papel devido à ameaça das fintechs.
“Apesar do estrondoso sucesso inicial dos novos entrantes, estamos vendo cada vez mais dificuldades deles de emplacar corretamente a monetização das suas imensas bases de clientes, sempre baseada no pilar do crédito. Vemos no Itaú um negócio mais resiliente do que o mercado precifica, e com isso incluímos o papel na nossa carteira”, considera a Órama.
PetroRio
Ticker: PRIO3
Comentário: XP
A XP destaca que a empresa obteve um excelente desempenho no mês de abril, superando o índice Ibovespa, auxiliada pela expectativa de um bom momento operacional a ser apresentado na divulgação de resultados do 1º trimestre de 2023, garantindo bons resultados financeiros.
Além disso, a consultoria menciona que a empresa apresentou seu novo relatório de certificação de reservas no começo do mês, superando positivamente a expectativa do mercado. Também existe a perspectiva de crescimento sem riscos exploratórios.
“A produção deve mais que dobrar nos próximos anos, impulsionados pela aquisição da Albacora Leste e o desenvolvimento de Wahoo. Vemos a PRIO como a melhor
Jr de O&G brasileira para continuar crescendo com altos retornos para os próximos anos”, diz a XP.
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Fonte: CNN Brasil