Não é grande surpresa o fato de que muita gente acha mais fácil perdoar um amigo do que um inimigo. E mais fácil ainda é passar um pano quando se trata de um amigo.
O problema é a dimensão política desse, digamos, fenômeno da natureza humana quando se vive uma calcificação das divisões políticas. Caso do nosso país agora.
Escândalos que em outros tempos teriam levado a uma condenação quase unânime dos envolvidos hoje merecem atenção seletiva, restrita aos adversários dos envolvidos, por exemplo.
Os especialistas em pesquisas chamam isso de dissonância cognitiva. É uma expressão científica utilizada inicialmente no campo da psicologia.
Mas que hoje caiu no uso popular como descrição do comportamento de alguém que só ouve ou só vê o que quer. Ou nem toma conhecimento do que lhe possa ser desagradável, seja qual for o motivo.
Em outras palavras, em tempos de polarização e dissonância cognitiva, escândalos não são mais escândalos, são… narrativas. Dependendo do lado que se está olhando.
A permanência desse fenômeno não promete nada de bom para nossa política, não importa qual o seu lado na narrativa.
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Fonte: CNN Brasil